Ursinho Pooh: Filme de terror cancelado em Hong Kong

A censura cresce na China: filme de terror do Ursinho Pooh enfrenta cancelamento. Veja os detalhes e o contexto!

O Ursinho Pooh se envolveu em mais uma situação complicada. A apenas dois dias da estreia de um filme de terror britânico, estrelado por uma versão assassina do famoso urso amarelo falante, seu distribuidor anunciou, “com grande pesar”, que o lançamento do longa em Hong Kong e no enclave chinês vizinho de Macau fora “cancelado”.

A VII Pillars Entertainment informou ao Screen Daily que 32 cinemas em ambos os territórios não exibiriam o filme do cineasta Rhys Frake-Waterfield. “Estamos arrancando os cabelos, é claro, muito desapontados”, disse um porta-voz à Reuters.

A Moviematic, uma organizadora de exibições, postou uma história no Instagram dizendo que o lançamento foi cancelado devido a “razões técnicas” – uma justificativa que Frake-Waterfield contesta. “Eles alegam razões técnicas, mas não há motivo técnico”, disse ele à Reuters. “O filme foi exibido em mais de 4.000 telas de cinema em todo o mundo. Essas 30+ telas em Hong Kong são as únicas com tais problemas”.

Preocupações com a censura crescente na China

Assim, o cancelamento despertou novas preocupações sobre o aumento da censura nas chamadas regiões administrativas especiais da China. Benedict Rogers, fundador da Hong Kong Watch, organização que monitora os direitos humanos no território chinês, também se pronunciou no Twitter. “Presumo que #CCP e seus #HongKong lacaios temem que os espectadores pensem que não era um filme, mas um documentário sobre #XiJinping”.

Aliás, o personagem de desenho animado já havia sido banido na China continental, após críticos do presidente Xi Jinping apontarem a semelhança entre o urso e o líder. O Partido Comunista Chinês removeu imagens do Pooh de seu ciberespaço restrito em 2017 e, no ano seguinte, bloqueou um filme do Pooh produzido pela Disney.

A crescente censura em Hong Kong

Hong Kong, uma ex-colônia britânica que desfrutava de maiores liberdades ao estilo ocidental sob a política de “um país, dois sistemas” desde a devolução à China em 1997, tem exibido filmes com menos supervisão até recentemente. Depois que Pequim aprovou uma controversa “lei de segurança nacional” em 2020 que abrange até territórios fora de sua jurisdição, Hong Kong implementou regras de censura para cumprir a política, embora o governo local afirme que isso não sufoca a liberdade de expressão ou de opinião.

O conselho de censura de Hong Kong nega que o filme de terror do Pooh tenha sido suprimido. O Escritório de Administração de Filmes, Jornais e Artigos da cidade informou à TIME que o filme passou pela avaliação local. Aliás, já havia recebido o certificado de aprovação necessário para o lançamento. “Os arranjos dos cinemas em Hong Kong na exibição de filmes individuais com certificados de aprovação em suas instalações são decisões comerciais dos próprios cinemas”, acrescentou.

Kenny Ng, professor da Academia de Cinema da Universidade Batista de Hong Kong, disse à TIME que a retirada do filme parece “autocensura” devido ao clima político, em vez de censura explícita imposta pelas autoridades. “O ato de retirar um filme licenciado da exibição pública pode não ser surpreendente na situação atual ou, de fato, tornou-se uma maneira decente de respeitar a linha vermelha”, afirmou em um e-mail. “Certamente, qualquer referência, por mais vaga e imaginativa, a líderes políticos em filmes são tabus no cinema atual.”

Críticas negativas, mas sucesso de bilheteria

Ademais, os espectadores que não puderam assistir ao filme talvez não estejam perdendo muito, segundo críticos, que reprovaram o longa universalmente. No entanto, as críticas negativas não impediram o filme de faturar alto nas bilheterias dos mercados. Sendo assim, desde sua estreia em janeiro, o filme de baixo orçamento Sangue e Mel arrecadou mais de US$ 3,6 milhões em todo o mundo.

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